15 dezembro 2006

O Amor segundo Pedro Paixão







Todos nós sabemos o que é ter medo. Todos nós temos ambições e sofremos desilusões. Todos vivemos de preocupações que se vão sucedendo. Todos sabemos que a vida não se repete e que para todos, todos os que estamos ali naquele preciso momento, por exemplo, mais tarde ou mais cedo - aquilo que nós chamamos Vida, sem saber bem o que dizemos - vai acabar. Os homens são uns parvos. Não se conseguem entregar por completo ao amor. Têm sempre o trabalho ou outra desculpa do género. Preocupam-se com o que não estão a fazer. Para eles o amor pode ser um inimigo. Um inimigo há muito derrotado, mas do qual ainda têm medo. As mulheres são diferentes. Para elas o amor nunca é demais, não atrapalha. É que não conseguem viver com uma alma só para elas. Por isso, entre um homem e uma mulher, há muitas vezes só uma coisa parecida com o amor. Entre duas mulheres, pode acontecer o amor inteiro. Basta ver duas mulheres olharem-se nos olhos. 














Tiro fotografias várias à minha amada deitada sobre a relva, mas não gosto de ser fotografado. Entre um homem e uma mulher poucos são os sentimentos recíprocos. O sexo é um antídoto para esquecer isso, que às vezes resulta. Eu digo-lhe com o ar mais sensato que tenho: "A vida são muitas coisas. O amor é só uma entre muitas". E ela responde de seguida: “A vida pode mudar muito mais do que se espera. O amor é o que está acima de tudo. Tudo altera. Nos teus braços morreria". ... e eu fico envergonhado. Meu amor, à pressa de chegar a alvorada, ser a água a correr. Os animais espremessem e dormem, mas eu não mais terei sono e vou despir-te tão lentamente como se tece o tecido de uma estação. Os dedos a arder, na doçura negra dos teus cabelos, e à volta tudo se ergue e respira. 

 












Porque tudo na vida pode ser um filme, tudo na vida pode ser Como no Cinema 

A notável narração de Pedro Paixão é antecedida de uma longa introdução que inclui textos do autor – do livro «Histórias Verdadeiras» – na voz de Aníbal Cabrita. Esta introdução inclui ainda depoimentos de cidadãos anónimos (de várias idades e nacionalidades) sobre o que pensam do Amor, uma chamada de telefone gravada em voice-mail, na voz de Baby Sandy e ainda interlúdios musicais de Dimitri From Paris e da Penguin Café Orchestra. Depois da remição de Marguerite Duras na «Indian Song» cantada por Jean Moreau, entramos na narração – em som envelhecido – do escritor Pedro Paixão, ao som da música de Charlie Chaplin. É como no cinema mudo. As cenas descritas pelo autor de «Nos Teus Braços Morreríamos» são ilustradas pela música de Chaplin – soberbamente interpretada por Thomas Beckman – e as palavras de Pedro são as legendas no ecrã. Pelo meio, o dramatismo romântico por Edith Piaf. Na parte final, o bailarino/cantor Fred Astaire entre mais depoimentos sobre o Amor, na sua maioria esperançosos e optimistas. O epílogo dá-se com a nostalgia de outros tempos dançados em valsa num salão nobre. 

Pela primeira vez disponível na Internet: 
Como no Cinema 
O Amor Segundo Pedro Paixão 
Narração: 
Pedro Paixão 
Vozes: 
Aníbal Cabrita Inês Meneses Francisco Mateus Baby Sandy & Mister-X 
Música: 
Charlie Chaplin Thomas Beckman John Barry Ryuichi Sakamoto Dimitri From Paris Penguin Café Orchestra Johannes Cernota Kayoko Matsushita John Williams/Itzhak Perlman & Boston Pops Orchestra 
Canções: 
Jean Moreau Edith Piaf Fred Astaire 
Textos: 
Pedro Paixão, dos livros «Histórias Verdadeiras» e «Nos Teus Braços Morreríamos» 
Assistência técnica: 
Pedro Picoto Ricardo Lima 
Depoimentos: 
Cidadãos anónimos de várias idades e nacionalidades 

Outros textos, Produção, Montagem (em directo) e Realização: 
Francisco Mateus 

Tempo total: 43:17 min 
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Próxima emissão: «Natal»